quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Para refletir...


Ética e cidadania não são naturais do ser humano.

Às vezes eu tenho essa nítida sensação, de que a civilidade, a ética, a cidadania não são valores intrínsecos dos seres humanos. O natural é ser grotesco, sujo, porco e egoísta, e todas essas coisas civilizadas precisam ser incutidas à força na cabeça das pessoas. Porque se você deixar ao D'us dará, a criatura vai sujar e destruir tudo.

Vejo pelo meu bairro. Tem muita gente que tem cachorro. Prédios bonitos. Praças, ruas arborizadas. É um bairro bom, com metro quadrado muito valorizado em termos imobiliários. Porém, dinheiro não tem nada a ver com educação. Assim como tem pobre educado tem rico grosso e todas as combinações possíveis.

Mas o que se espera é que as pessoas que têm um mínimo de dinheiro tenham tido acesso a viagens e à cultura, por exemplo. E que por isso, devam ter bons modos. Certo? Errado. Todo dia eu encontro cocô de cachorro nas calçadas. E não adianta botar a culpa na empregada que foi passear com os cachorros, não. Os donos também fazem isso. A falta de consciência e cidadania não tem ligação com cultura, riqueza, formação, nada. É da cabeça da pessoa.

Fico decepcionada e intrigada e sempre converso sobre isso com meu marido. Essas pessoas não têm consciência? Resposta...não. Elas não têm consciência. Não pensam. Não ligam. Elas literalmente cagam e andam pros outros. Ou, melhor, deixam que os cachorros caguem e andem por elas também. É revoltante.

Então eu pensei:

- Como fazer para incutir noções mínimas de cidadania, honestidade, no brasileiro?

E foi aí que me ocorreu a resposta:

- Usando a plataforma de aprendizado que mais funciona para gente sem noção e sem lógica, a superstição.

Brasileiro é muito supersticioso, crédulo, tonto. Acredita em qualquer besteira escrita no horóscopo, mesmo que tenha sido escrito por um redator estagiário que nem astrólogo é.(Digo isso porque EU já fui redatora que inventava os doze signos todos os dias, escrevia qualquer coisa que vinha na minha cabeça). Brasileiro acredita em duende, em alma penada, em seres mitológicos, em mandinga, em simpatia, em TUDO.

Por que não então, usar essa plataforma de CRENÇA para EDUCAR as pessoas?

Por exemplo, poderíamos criar novas superstições-cidadãs, tipo:

- Jogar lixo no chão faz a mãe morrer em 3 dias.

- Homem que deixa cocô de cachorro na calçada o pinto cai. Se for mulher, cai a bunda.

- Motorista que para o carro sobre a faixa de pedestre fica careca em 3 meses.

- Estacionar em vaga de deficiente sem ser deficiente faz nascer 10 verrugas no céu da boca

- Político que rouba dinheiro público tem ataque fulminante na lua cheia seguinte ao delito.

E assim por diante.

Já que os argumentos lógicos não funcionam, tem que meter medo nessa gente sem consciência. Digo tudo isso porque ontem, quando fomos passear com nossos dois cachorrinhos, acompanhados de nossos sacos de recolher cocô, meu marido pisou com seu sapato novo, presente das filhas, em um desses dejetos. E aí você fica muito contrariado, porque é isso que muitas vezes a vida mostra: que não basta você fazer direito pra se isentar das consequências de quem faz errado.

Ô gente.

Fonte: Rosana Hermann - http://noticias.r7.com/blogs/querido-leitor/

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